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Tricolor desde vidas passadas... mas com a lembrança mais remota de torcedor em 1983, no gol do Assis aos 45 do segundo tempo. Um começo e tanto! Interesses diversificados sobre artes em geral (literatura, cinema, teatro, música, quadrinhos, animação, artes plásticas).

terça-feira, 10 de março de 2015

A sede do Fluminense

Ilustração em aquarela que fiz em 2009, da sede do Fluminense na época. Sutilmente, sugeri reproduzir alguns tons que lembram o nosso pavilhão, no céu, na sede e na vegetação.
   
   Um dos maiores orgulhos de todo tricolor que se preze, é também um valioso patrimônio do clube. Após a inauguração do estádio em 1919, quando o Brasil sediou o torneio Sul-americano, que viria a ser a primeira conquista da seleção brasileira, no nobre gramado tricolor, a sede seria integralmente inaugurada em 1920, sob a gestão de um de seus mais aclamados presidentes de todos os tempos: Arnaldo Guinle. O projeto assinado pelo arquiteto Hipolito Pujol, ostenta requinte e rebuscamento à altura das tradições aristocráticas do clube, bem como ao gosto do estilo eclético, em voga na época. 
Atualmente a diretoria vem reconhecendo o valor e a importância de preservar seus símbolos. A reforma completa da sala de troféus, com recursos multi-mídia é um investimento inteligente, bem mais atraente,  informativa e divertida do que aquela sala escura, onde os troféus eram amontados, sem ordem, nem história, filmes e áudios das conquistas. A memória das nossas glórias não são os troféus em si. Eles são apenas um dos símbolos. Valiosos, claro, mas eles por si só, não transmitem, por exemplo, a emoção de um gol aos 45 minutos do segundo tempo. Memória são filmes, reportagens, fotos, charges, posters, flâmulas, camisas,  bandeiras, chuteiras, narrações de rádio, álbum de figurinhas, enfim...todo um conjunto de pequenos tesouros que costuram nossa lembrança e narram histórias. A reforma da sala de troféus é uma mudança simbólica importantíssima, bem mais do que se supõe, porque é uma mudança de personalidade.    
Parece ter ficado definitivamente para trás (com a benção de João de Deus) aqueles tempos nebulosos, quando vândalos descontavam nos famosos vitrais franceses da sede da Álvaro Chaves, a raiva com as decepções do time em campo. Como diria o Nelson Rodrigues, a paixão pode ser também furiosa. Assim como os torcedores da crônica de Nelson, que decepcionados com um terrível revés da equipe, decidiram atear fogo à bandeira tricolor, em pleno Maracanã, outros revoltados, já nos anos noventa do século passado, encontraram outro símbolo para demonstrar sua fúria, (e seu amor incondicional ao clube). Mas agora, encontraram outra forma de demonstrar esse amor. Frequentando a sede, as arquibancadas e incentivando o time de guerreiros.

Infelizmente quando eu nasci, meu pai já não era mais sócio do clube, que costumava frequentar desde moleque, mas eu ainda tive a oportunidade de assistir a várias partidas no velho estádio onde a seleção brasileira iniciou sua trajetória vitoriosa. Em seus últimos tempos de bola rolando, oito mil pessoas lotavam o velho estádio, que já tivera capacidade para cerca de 20 mil, antes de destruírem a parte da arquibancada que ficava onde hoje passa a Pinheiro Machado. Sim, o estádio pagou seu preço por ter sido erguido em uma época em que ainda se podia pensar em ter um estádio no perímetro urbano de uma metrópole como o Rio de Janeiro.
Também frequentei, bem mais ocasionalmente, a parte interna do clube, quando ia a Flu Boutique renovar o manto tricolor ou presentear algum possível tricolor recém nascido. Mais recentemente, o restaurante do clube, onde fazia eventuais reuniões de trabalho. Isso, um pouco antes de ter se transformado no atual bar dos guerreiros, outra grande ideia, mas ainda um pouco mal aproveitada (ainda acho que deviam investir em  oferecer chopes artesanais, e melhorar atendimento e gastronomia).  

Nossa querida sede é tombada pelo Patrimônio Histórico e alimento um sonho de que um dia, ela ainda venha a se tronar um enorme museu do clube, como uma ampliação da atual sala de troféus, equipada ainda com videoteca, biblioteca, auditório, cinema (todos com os melhores e bem aproveitados recursos multi-mídia), lojas de souvenir, etc... Um verdadeiro centro cultural de memória da história de conquistas do time tantas vezes campeão. Porque, além das novas conquistas, é a memória que mantém a paixão do torcedor e nos faz eternos.
   
     

Ilustração que fiz em 2009, em aquarela, tomando como base, a vista do Google  Earth. 

      
Fotografias de arquivo:  

foto do salão de festas
Amplo salão de festas, chá dançantes, eram local de encontro da elite carioca durante décadas.
Reparem o pé direito alto e imaginem a acústica.

Os famosos vitrais franceses fazem iluminar o salão e o piano de calda, onde certamente tocaram grandes pianistas como o tricolor Arthur Moreira Lima.   


A sede na época de sua inauguração, na Rua Álvaro Chaves, 41, Laranjeiras.


Vitrais

A sala de troféus antes da reforma. Taças expostas em estantes pesadas, sem nenhuma história ou explicação. Corredores estreitos, ambiente lúgubre. Muito pouco convidativa. 


A sala de troféus atual, Sala Affonso Castro ( um dos principais nomes do conselho diretor na época do cinquentenário do clube, em 1952, na gestão do pres. Fábio Carneiro de Mendonça),
Abaixo, mais algumas fotos da nova sala. Orgulho de ser tricolor!







Fontes:
http://www.fluminense.com.br/site/social/sede/
http://luizarquiteto.blogspot.com.br/2010/09/projeto-de-restauracao-da-sede-do.html