sexta-feira, 29 de junho de 2012

O pó-de-arroz e as tradições inventadas.



A história do futebol brasileiro, a começar pela sua própria origem, está repleta de mitos, de tradições inventadas e lendas criadas pela imprensa. Hoje em dia está mais que provado que antes de Charles Müller em São Paulo, antes de Oscar Cox no Rio de Janeiro, o futebol já era jogado esporadicamente no Brasil.
A imprensa ajudou a consagrar nomes. Numa dessas muitas histórias está a origem do pó-de-arroz, perpetuada pelo célebre jornalista Mário Filho, em seu clássico "O negro no futebol brasileiro". A verdade é que não há vestígios fidedignos nem na imprensa da época que comprovem o fato eternizado pelo editor do Jornal dos Sports. O próprio Marcos Carneiro de Mendonça negava veementemente a historia, alegando que ninguém ali permitiria que o colega passasse pela situação vexatória que disem ter se passado com Carlos Alberto. Verdade ou não, são preciosas e saborosas essas lendas criadas no meio da imprensa sobre episódios curiosos do nosso futebol.
Conta-se que em 1916   foi parar no Fluminense um jogador mulato que jogava pelo América, chamado Carlos Alberto. Se no América ninguém reparava que ele era mulato, pela forte presença de mestiços na equipe, no time de brancos do Fluminense, ele destoava. O momento da saudação do time para a torcida, quando os jogadores eram recepcionados por um "hiphip-hurra" o contraste da cor de sua pele saltava aos olhos. Assim ao lado dos brancos tricolores, o mulato temendo o preconceito, acabaria tendo uma idéia que iria marcar uma torcida para sempre. Passou a se dedicar a um preparo especial antes das partidas. Cobria-se de... pó-de-arroz, muito usado pelas moças da alta sociedade, na época.  O pó na cara de Carlos Alberto chamava ainda mais atenção. Quando o Fluminense ia jogare contra o América, seu ex-time, "a torcida de Campos Salles caía em cima de Carlos Alberto: _ Pó-dearroz! Pó-de-arroz." Carlos Alberto procurava fingir que não era com ele. Imagino, então, o suor no decorrer da partida "limpando" o pó de seu rosto.
Não se sabe ao certo sobre a veracidade do episódio, mas o fato é que Carlos Alberto acabou gravando seu nome na história, identificado como o homem que deu ao Fluminense o apelido e a tradição do pó-de-arroz jogado nas arquibancadas.  Certo dia, Carlos Alberto não jogou e os gritos de pó-de-arroz partiram das arquibancadas adversárias da mesma maneira. Em 1969, Henfil ajudou a consagrar o apelido, com as tiras do Jornal dos Sports.


Nelson Rodrigues, irmãos Karamazov e Fla-Flu

 Em vista do centenário do primeiro Fla-Flu, ocorrido em 07 de julho de 1912, resolvi buscar umas palavrinhas de quem ajudou a criar a mística em torno do clássico. 

"Sou Tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, antes, muito antes da presente encarnação." 
"Para mim, moleque da Rua Alegre. havia uma relação nítida e taxativa entre a guerra e o Fluminense. Seríamos campeões em 17, 18 e 19. Ainda hoje, meio século depois, tenho a sensação de que a Grande  Guerra trazia no ventre o tricampeonato tricolor. Vejamos o absurdo: a Grande Guerra seria apenas a paisagem, apenas o fundo das nossas botinadas. Enquanto morria um mundo e começava outro, eu só via o Fluminense."
"Até que um dia houve uma dissidência no Fluinense. Eu gostaria de saber que gesto, ou palavra, ou ódio deflagrou a crise. Imagino bate-bocas homicidas."
"Há um parentesco óbvio entre o Fluminense e o Flamengo. E como este se gerou no ressentimento, eu diria que os dois são os irmãos Karamazov do futebol brasileiro."
Acima, destaquei trechos da crônica "Os irmãos Karamazov" de Nelson Rodrigues. Convenhamos que foi muito bem escolhida a crônica de Nelson para introduzir o livro organizado por Oscar Maron Filho e Renato Ferreira, "Fla-Flu...e as multidões despertaram" (Edição Europa, 1987). A obra (ja esgotada) reúne escritos de Nelson Rodrigues e Mário Filho sobre a história do Fla-Flu. Mário Filho, rubro-negro, o irmão do drmaturgo é provavelmente o nome mais relevante na história da imprensa esportiva brasileira. Nelson  Rodrigues, tricolor, sem dúvida, foi o maior cronista a defender as nossas cores (Coelho Netto que me perdoe). 
O que Homero, Dostoiévsky, Joana D'arc, Victor Hugo, Charles Chapiln e Euclides da Cunha tem em comum? Se eu disser simplesmente que é o futebol, hão de querer me internar. Estes grandes nomes da história e da literatura universal desfilam sem maiores pompas ou circunstância pelas crônicas esportivas de Nelson Rodrigues e juntam-se a outros personagens fabulosos do universo futebolístico rodrigueano: o  ceguinho, o sobrenatural de Almeida, o gravatinha, a grã-fina das narinas de cadáver compõe um universo próprio, o imaginário do futebol brasilero. O futebol tem nas linhas de Nelson, a complexidade de uma Ilíada, de uma Odisséia. Ao mesmo tempo, de uma simplicidade singela do torcedor anônimo, o pau d'água. Coisas que só Nelson Rodrigues seria capaz de dosar. 


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Doces milagres...uma prévia dos quadrinhos, ainda sem título definitivo.

Precisamos de um gol para conquistar o título. O cronômetro indica 40 minutos do segundo tempo. Há esperança. Sobretudo se o seu time é o Fluminense. As imagens abaixo farão parte de uma breve história em quadrinhos (HQ) que narra o relato de um amigo supersticioso que passou a ter o hábito de sair do estádio antes do jogo acabar, quando o tricolor precisa daquele gol milagroso que muda os rumos da história. Falta de confiança no time? Jamais! Meu xará não apenas acredita no título como é capaz de abdicar de assistir justamente ao momento mais esperado numa partida de futebol, movido por uma crença particular, mas de muita força e poder. Sempre dá certo. É pena que Nelson Rodrigues não estivesse mais entre nós, para ter testemunhado as conquistas que serão lembradas nessa HQ. Nem tão pouco esse relato tão apaixonado deste nosso herói tricolor, meu xará e conselheiro do clube.   Em breve, pra vcs, uma HQ original inspirada nessa nossa incomparável paixão pelas três cores que traduzem tradição. Vence o Fluminense, com o verde da esperança. 


41 anos de um clássico vovô especial.


27 de junho de 1971.
Neste ano de 2012, o clássico vovô decidiu o campeonato carioca depois de muitos anos.
O penúltimo até então, foi numa outra daquelas ocasiões em que o Fluinense tinha uma equipe bem mais modesta e desacreditada do que os rivais, apesar de ter nomes como Félix e Marco Antônio, lateral reserva da seleção. O Botafogo contava com Carlos Alberto Torres e Paulo e o grande Paulo César Caju. No jogo derraddeiro, o alvi-negro contava com um empate, mas no apagar dos refletores, nosso cartão de visitas.
O lance mais polêmico foi o decisivo, quando este mesmo marco Antônio pulou junto com Ubirajara, empurrando-o clamorosamente. Mas o juiz não viu o lance, a bola sobrou pra Lula, que emendou um balaço pras redes da estrela solitária, calando os gritos antecipados de campeão. Lembro bem que cheguei a ver o Marco Antônio jogando pelo alvi-negro em fim de carreira, fez falta num zagueiro do Flu antes de fazer o gol contra meu time, para a minha revolta. Meu pai calmamente tranquilizou meus protestos, contando essa história. E dizendo que naquela foi muito melhor.  Há 41 anos.




Imagens cinematográficas do Canal 100:
http://www.youtube.com/watch?v=PT_UhDM-GJ8

http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1971

terça-feira, 26 de junho de 2012

Origens de um "timinho" de guerreiros.


Numa crônica para o Jornal dos Sports, em 29 de julho de 1959, Nelson Rodrigues explicava a uma leitora tricolor porque adotara o apelido de "timinho" criado pelos rivais, para se referir ao seu próprio clube de coração. Explicou que o apelido começara no carioca de 1951,  quando o Fluminense era formado pelo goleiro castilho e uma "garotada infrene". Ninguém, nem sequer os tricolores, apostariam que aquele time do Fluminense pudesse oferecer algum perigo aos rivais, aprontar qualquer surpresa. O Vasco, por exemplo, era a base da seleção brasileira que apenas por excesso de euforia não arrebatara o mundial em 50. Mas, diria Nelson, que no futebol, o sujeito não dá um passo sem esbarrar numa surpresa, sem tropeçar numa ironia. Eis que aquele "timinho" foi batendo os adversários e o Fluminense, que não levantava um caneco desde 1946, acabou se sagrando campeão e de forma invicta. Nelson resgatava o caso de 1951, para comparar com a situação do momento. O Fluminense de 1959 também era desacreditado e, uma vez alçado à liderança, era ainda ridicularizado pelos adversários: Líderes por uma semana. De semana em semana, Nelson ainda não sabia, mas pressentia, o Fluminense acabaria se sagrando novamente campeão naquele ano.  Nelson, então, defendia que realmente colocássemos a franciscana sandália da humildade, "para a ilusão dos bobos", repetindo mil vezes: "Timinho! Timinho! Timinho!"   

Curioso que em 1951, que deu origem ao inadequado apelido de "timinho" contava com Telê Santana, o futuro bi-campeão mundial Didi e Orlando Pingo de Ouro. Outra curiosidade é que o título em questão motivou o convite para a disputa da segunda edição do mundialito organizado por Mário Filho, no ano seguinte. O Carioca daquele ano possibilitaria, então, o título de campeão do primeiro torneio de clubes reunindo equipes da Europa e da América do Sul, no ano de seu cinquentenário (saiba mais sobre o torneio aqui no blog Cultura Tricolor).

Jogo do título em 1951:
Didi, Telê, Orlando Pingo de Ouro e Róbson. Técnico: Zezé Moreira.
  • BAC: Osvaldo; Djalma e Salvador; Rui, Irany e Alaine; Moacir
Bueno, Zizinho, Joel, Décio Esteves e Nívio.Técnico: Ondino Viera.
  • Gols: Telê aos 19' e 76'
  • Expulsão: Nívio.
Jogo do título de 1959
  • FLUMINENSE 2 x 0 MADUREIRA
  • Local: Estádio do Maracanã.
  • Data: 12/12/1959.
  • Árbitro: Antônio Viug.
  • Renda: Cr$ 1.155.384,00.
  • Público Estimado: 45.000 (35.000 pagantes).
  • FFC: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro e Altair; Edmilson e Clóvis; Maurinho,
Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho.Técnico: Zezé Moreira.
  • MEC: Silas; Bitum, Salvador e Décio Brito; Frazão e Apel; Nair, Azumir, Zé Henrique;
Nelsinho e Osvaldo.Técnico: Lourival Lorenzi.
  • Gols: Décio Brito (contra), no 1º tempo e Escurinho no 2º tempo.
  • Obs.:Com esta vitória, o Fluminense sagrou-se campeão por antecipação, tendo sofrido
apenas seis gols em 21 jogos, antes do empate festivo por 3 a 3 na última rodada.

E aquele "Timinho" foi campeão do mundo.
 No youtube, não encontrei imagens  do carioca de 1951, mas encontrei da vitória sobre o poderoso Peñarol do Uruguai, de Gigghia, Obdulio Varela e a base da seleção uruguaia que se sagrara bi-campeã mundial em pleno Maracanã, na campanha da inédita conquista.

http://www.youtube.com/watch?v=0a_0R7eBAfc


Fontes:
1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1951
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1959
3.http://ffc1902.com.br/v1/2010/04/01/relembre-o-fluminense-de-1951/
4. Rodrigues, Nelson. O Profeta Tricolor. Cem anos de Fluminense. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (edição póstuma coordenada por Caco Coelho). pp. 39-41.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Gol de barriga: 17 anos de um épico Fla-Flu


Link para o Canal 100 (a edição de 1995 após a de 1983)
www.youtube.com/watch?v=mNwyxK-xud0

Há extaos 17 anos, na noite do dia 25 de junho de 1995, a torcida tricolor voltava a comemorar um título de campeão após quase dez anos. Não bastasse o fim do incômodo jejum, amargando derrotas em finais desde 91, as circunstâncias do campeonato deram à conquista um caráter épico. A começar pela qualidade dos rivais. O Vasco tentaria o tetra, o Botafogo tinha um time competitivo, que se sagraria campeão brasileiro no fim do mesmo ano. O Flamengo se preparava para comemorar o centenário do Clube de Regatas, trazendo o tetra-campeão Romário, eleito melhor do mundo no ano anterior. O Baixinho chegou a desfilar pela cidade em carro aberto do corpo de bombeiros, ovacionado pela massa em carreata que parecia festa antecipada de campeão. O Flu era o clube que menos havia investido em contratações, depositando esperanças em Renato Gaúcho, que há muito já não demonstva o futebol que o consagrou. Queria provar que ainda não era a hora de pendurar as chuteiras.
Experimetando um modelo diferente, o campeonato previa um octogonal final, na Flamengo e Botafogo haviam levado algum ponto de bonificação. O Fluminense, nenhum. O Flamengo, venecedor da Taça Guanabara, levava três e, logo na segunda rodada, chegava a nove pontos após duas vitórias.
O Fluminense, com um empate e uma derrota, com apenas um ponto, dava a impressão de que se despediria mais cedo da disputa, dando prosseguimento ao desagradável jejum.
Tricolores de todas as idades já viveram experiência semelhante, ao ver o time sair "do caos para a liderança", como disse certa vez Nelson Rodrigues em crônica sobre outro Fla-Flu, em 1969. Mas vieram emocionantes vitórias, de virada, sobre nossos rivais e uma reviravolta inacreditável no cameponato. Na terceira partida, o tricolor virou pra cima do Vasco, com um sofrido gol no fim do jogo. 3x2.  Na primeira do octogonal contra o Flamengo, era vencer ou vencer. Após um movimentado primeiro tempo, o Fla esteve na frente por 3 vezes: 3x2.  Mas no segundo...Rodriguinho fez 3x3, logo no início da etapa final e 4x3, nos acréscimos.  Após novas vitórias, a última rodada seria um novo Fla-Flu, onde só os dois mantinham chance de título. Mas um empate levaria a taça para a Gávea. 
E no dia da grande final, também contra o Flamengo, o sol a pino sentiu que era hora de se retirar ao início da partida. Prenúncio de um Fla-Flu tenso. O Fluminense precisando da vitória, domina o primeiro tempo e abre 2x0 de vantagem. No segundo tempo, entretanto, o Flamengo volta disposto. O Fluiminense suporta a pressão até os 26, quando Romário marca pela primeira vez em sua carreira contra o Flu. Seis minutos depois, Fabinho faz um golaço e empata a partida, resultado que tirava a taça das Laranjeiras, se persistisse. Nosso ex-lateral Branco, defgendendo agora as cores do rival, cobrava uma falta e acertava o travessão. O rubro-negro crescia e nós perdíamos jogadores. Estávamos com nove em campo e o Flamengo com dez, quando aos 41, Aílton se aproxima da área e chuta cruzado. Renato, na pequena área percebe sua chegada e se aproxima do gol. Quando a bola que ia para fora, ele se aproximna, e a escora de barriga para o fundo das redes rubro-negras. Um gol redentor, para coroar o novo rei do Rio e uma campanha épica de um time de guerreiros.Uma final digna de uma crônica de Nelson Rodrigues. Sim, ele escreveu essa crônica, 26 anos antes. A primeira metade de sua crônica, que em breve colocaremos aqui, cabe perfeitamente em 1995. Nosso profeta certamente completou as peculiaridades dessa conquista, pois se vivos e mortos podiam estar presentes no Maracanã, ele tb pôde escrever lá de cima, nossa história de vitórias cardíacas.   

http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Carioca_de_Futebol_de_1995

Súmula:
Campeonato Estadual do Rio de Janeiro 1995  - (fase final do Segundo Turno) 25 de junho de 1995.
Local: Maracanã
Juiz: Léo Feldman
Público: 109.204 pagantes.
Cartões Vermelhos: Sorlei, Lima, Lira e Marquinhos.
Flu- Wellerson, Ronald, Lima, Sorlei, Lira, Márcio Costa, Ailton, Djair, Rogerinho (Ézio), Renato Gaúcho, Leonardo(Cadu). Técnico: Joel Santana
Fla- Roger, Marcos Adriano (Rodrigo) , Gelson, Jorge Luís, Branco, Charles, Fabinho, Marquinhos, William (Mazinho), Romário, Sávio. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Gols: Renato Gaúcho (30), Leonartdo (42), Romário (71), Fabinho (77), Aílton (86). 

Fonte: ASSAF,  Roberto e MARTINS, Clóvis. FlaxFlu, o jogo do século.Rio de Janeiro: letras &Expressões, 1999. p. 178.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sempre nos minutos finais... HQ

Dedicado a um amigo e companheiro de arquibancada,  o xará Flávio Medeiros, me confidenciou uma história de Maracanã que traduz bem o espírito tricolor...]
Superstição e emoção dos minutos finais...não tem preço... Ser tricolor é gozar no final...

1995...meu xará olha no relógio e decide que é hora de ir embora. O jogo está 2x2 e o empate dá o título ao rubro-negro. Uma divagação secretamente pessoal o levou a 1983, quando seu pai havia saído do Maracanã com seus dois filhos, pouco antes do gol redentor de Assis, aos 45 cravados do segundo tempo. Bateu a mais cristalina lógica da paixão futebolística. Era preciso abdicar de testemunhar o momento máximo do futebol para que esse momento possa existir. Entrega-se solitário nessa voluntária e individual superstição, fundamentado em lógica alguma e convicto de sua missão cívica. Ele sai do Maracanã, passo firme, não por uma mera descrença na equipe. Ao contrário, imbuído de uma insana convicção de dever em nome da história. Abdica do prazer imensurável de testemunhar o momento mágico do gol que ele acredita possível, em nome dessa certeza de fazer história.   
  • Procurei traduzir essa emoção em quadrinhos e em breve lançarei aqui. Acima, uma breve mostra do que vem por aí. 
  • Abraços. 

PS> Quando eu publicar isso, eu te passo os royalties, xará...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mick Jagger, um ilustre espectador no Maracanã.


Em 16 de dezembro de 1984, Mick Jagger esteve no Maracanã, uma década antes de fazê-lo vibrar com seus companheiros dos Stones ( show do qual tenho a honra de dizer que sou testemunha). Dessa vez,  Jagger como um mero espectador. Espectador do gol de Assis, aos 30 minutos do segundo tempo, na segunda decisão seguida contra o Flamengo (a primeira foi aquela com o gol do carrasco Assis, aos 45 do segundo tempo). Segundo a matéria acima, publicada no caderno de esprtes d'O Globo do dia 17 de dezembro de 1984, p.3, Jagger estava no Rio para gravar um clipe e parte dele foi na sede das Laranjeiras. Jagger ainda chutou uma vitória tricolor e ainda deixou uma afirmação lapidar: "Já posso dizer que assisti a um gol no Maracanã". É o Fluminense como protagonista da experiência futebolística de Jagger, astro da maior e mais longeva banda de rock de todos os tempos, garantindo a sua, digamos, "satisfaction".

http://www.youtube.com/watch?v=omECWXFfvs4

Já, segundo a reportagem na Rede Globo, ele saiu antes do gol:

http://www.youtube.com/watch?v=eUxndqe6niw

O Jornal dos Sports e as charges sobre o futebol carioca

A partir de junho de 1944, o Jornal dos Sports traria uma grande inovação em sua primeira página: charges diárias sobre futebol. A despeito do enorme plantel de cartunistas brasileiros na imprensa carioca, acostumados com a nossa cultura, Mário Filho preferiu contratar da imprensa de Buenos Aires, o cartunista portenho Lorenzo Molas. Molas criou mascotes, alguns ainda hj identificados com seus clubes, como o nosso cartola, o diabo, do América e o Almirante do Vasco. Molas criou mascotes para todos os dz times que participavam do campeonato carioca, além da Miss Campeonato, uma estonteante beldade disputada por todos, e sua mãe, a sogra que casaria com o vice-campeão. As charges podem ser percebidas como uma evidência da contribuição da imprensa para a construção de uma cultura futebolística. A criação de mascotes, personagens-símbolos das equipes envolvem interpretações a respeito de estereótipos e históricos de torcedores e clubes. Na cena, percebemos também a presença de (da esuqerda para direita, no sofá da Miss campeonato) Pato Donald (por ser brigão e irriquieto, como era conhecida a torcida e dirigentes alvi-negros), o Popeye (pela sua fase, que vinha conquistando campeonatos com surpreendentes crescimentos na tabela, após maus inícios, como o marinheiro dos quadrinhos, que se superava após comer seu espinafre)  e o Almirante português identificado com o histórico navegador que batiza o clube da colina.
importante chamar a atenção para a escolha de dois ícones da cultura de massa americana no auge da "política de boa vizinhança".



Já no final da década de 1960, o Jornal dos Sports, provavelmente atentos a uma nova juventude, mais politizada com as tensões do momento político, no auge da ditadura, ampliava o foco do periódico, cobrindo assuntos ligados à educação e à cena cultural da cidade. Nesse ínterim, o humor de um jovem cartunista cairia como uma luva: Henrique de Sousa Filho, vulgo Henfil,  começaria com cartuns políticos e logo passaria a cuidar dos assuntos do futebol, sem contudo negligenciar as tensões políticas ocorridas em 68, denunciando interrogatórios, o intervencionismo norte-americano, a repressão a protestos, o assassinato do estudante Edson Luiz, e as crises econômicas. Após o AI-5, entram em cena, novos mascotes para os clubes e a crítica política seria redirecionada para o conflito social.
Geralmente ignorada por estudos históricos como evidência de resistência, os personagens de futebol de Henfil são extremamente políticos. Transportando o conflito de classes para o futebol, Henfil procurava ressaltar essas características entre os torcedores. Os tricolores, mais identificados com a elite, eram o principal alvo de Henfil, que caracteriza o "Pó-de-arroz" de maneira ligeiramente efeminada, arrogante e racista, devido as origens aristocráticas do clube das Laranjeiras.      
Aos tricolores mais apaixonados como eu, um alerta: devemos entender o mascote de Henfil como uma consciente criação estereotipada da nossa querida torcida. A questão de Henfil sempre foi política. Suas intenções e motivações são políticas e as diferenças de classe, um dos maiores e mais sérios problemas sociais do país.  Na charge, percebemos como o cartunista mineiro trabalhava essas diferenças. Na tira, estão presentes, o urubu, o bacalhau, além do pó-de-arroz. Nota-se que os nomes servem mais como apelidos. O bacalhau é representado por um típico português, enquanto o urubu, por um negro com pinta de malandro. Em tempo: Henfil era rubro-negro fanático.                  

Chico Buarque, menestrel tricolor.

Hoje, no aniversário de um dos mais ilustres torcedores do Fluminense, Cultura tricolor presta essa singela homenagem ao menestrel tricolor.
No filme "Ópera do malandro", entre os minutos 39 e 42, as cenas no Fluminense.  Depois, pra quem não viu, é obrigatório. O filme, de Ry/uy Guerra, sobreva peça escrita por Chico, inspirada na Ópera dos 3 vinténs e ambientada no Rio dos anos 40. Aborda a malandragem da Lapa, a influência da cultura americana começando a crescer durante a Segunda Guerra, os estabelecimentos de alemães sendo quebrados por oposicionistas ao regime nazista. E o melhor de tudo: todos os personagens são canalhas. Não tem um que preste.  
http://www.youtube.com/watch?v=hEw2ph8TU7I


http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/ilmo-sr-ciro-monteiro-cifrada.html
Quem acha que o Chico Buarque nunca fez uma música inteira em homenagem ao Fluminense, seu time de coração, certamente não foi apresentado a esta preciosidade, menos conhecida de seu vasto repertório.
Lançado em março de 1970, o LP Chico Buarque nº 4, trazia na terceira faixa do Lado A, a música "Ilmo sr. Cyro Monteiro ou  Receita  pra virar casaca de neném".  A música, cujo link leva para a o site "vagalume", com letra cifrada e gravação original, seria uma resposta elegante ao "presente de grego" dado pelo grande compositor Cyro Monteiro a uma de suas filhas (mais provável que tenha sido pra a atriz Silvia Buarque, nascida em 1969) : uma camisa rubro-negra. À provocação do amigo, Chico respondeu com essa pérola.

Ilmo sr. Cyro Monteiro ou  Receita  pra virar casaca de neném 
(Chico Buarque)

Amigo Ciro
Muito de admiro
O meu chapéu de tiro
Muito humildemente
Minha petiz
Agradece a camisa
Que lhe deste à guisa
De gentil presente
Mas caro nego
Um pano rubro-negro
É presente de grego
Não de um bom irmão
Nós separados
Nas arquibancadas
Temos sido tão chegados
Na desolação

Amigo velho
Amei o teu conselho
Amei o teu vermelho
Que é de tanto ardor
Mas quis o verde
Que te quero verde
É bom pra quem vai ter
De ser bom sofredor
Pintei de branco o teu preto
Ficando completo
O jogo da cor
Virei-lhe o listrado do peito
E nasceu desse jeito
Uma outra tricolor 



http://www.vagalume.com.br/ciro-monteiro/ilmo-sr-ciro-monteiro-receita-pra-virar-casaca-de-nenem.html#ixzz1xsXayQYq

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estátua do ídolo

O Blog Cultura tricolor só pode assinar embaixo de uma ideia que ajuda a preservar a história de glórias do Fluzão!


ttp://www.estatuatricolor.com.br/idolos.html

Gol de barriga dá samba

http://www.youtube.com/watch?v=BuF_EaaJOlM


Samba da Portela, do ano de 1995, com uma bem-vinda adaptação de nossa querida torcida.
Coincidência ou não, 1995 foi um ano em que Flu voltou a ser campeão depois de um incômodo jejum,
num épico campeonato carioca, quando saímos "do caos para a liderança", conquistando o título na última rodada, num Fla-Flu., terminando a peleja com oito em campo. E, como não poderia deixar de ser, com um gol suado, aos 42 do segundo tempo. Renato Gaúcho olha para Ailton, e escora de barriga a gorducha pro fundo das redes. Calava os gritos de campeão na torcida rubro-negra.