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Tricolor desde vidas passadas... mas com a lembrança mais remota de torcedor em 1983, no gol do Assis aos 45 do segundo tempo. Um começo e tanto! Interesses diversificados sobre artes em geral (literatura, cinema, teatro, música, quadrinhos, animação, artes plásticas).

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pensando no futuro

Embora este blog não se destine a comentar atualidades da política do clube, contratações, esquemas táticos ou os últimos jogos do Flu, não posso ignorar uma solicitação de amigos tricolores para divulgar o abaixo-assinado para uma mudança fundamental no estatuto do clube: um novo plano que permite que novos associados possam votar em decisões do clube, e possibilitando um aumento da receita com mensalidades de 1 milhão para 4 milhões, visando os seguintes benefícios ao clube:
-> RENDA FIXA. A inspiração é o Internacional, que, ao lançar essa modalidade, superou a marca dos 100 mil sócios e hoje paga a folha salarial do futebol só com essa receita. Nossa expectativa é de chegarmos ao menos a 50 mil novos sócios-futebol. Hoje, o número de sócios gira em torno de 9 mil, que rendem cerca de R$ 1 milhão mensais ao clube. O objetivo é subir a cifra para R$ 4 milhões.
-> Com uma receita melhor, o Fluminense terá maior fluxo de caixa, permitindo a manutenção de várias promessas de Xerém, além de ficar mais independente da UNIMED.  .
   Para maiores informações e para assinar, basta clicar no link abaixo:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/9610

Homenagem da Insinuante com o Cartola de Lorenzo Molas.

No período em que Lorenzo Molas trabalhou no Jornal dos Sports, contribuindo com suas charges, o Fluminense não deu muita sorte de contar com seus registros. Antes de terminar o supercampeonato, o cartunista argentino provavelmente teve que voltar pra Buenos Aires, talvez para trabalhar na diagramação do jornal Peronista, El Clarín. Não encontrei mais charges de Molas publicadas depois que começara o quadrangular final do Super-campeonato de 1946, que só terminaria perto do natal, com a decisão entre Fluminense x Botafogo acontecendo no dia 22 de dezembro daquele ano.  Só o que vi foi esta mensagem publicitária da Sapataria Insinuante homenageando o super-campeão. O traço, bem mais duro e inseguro que o de Molas, parece entregar que o desenho deve ter sido elaborado por outro desenhista, mas o personagem foi caraterizado com a mesma fisionomia e trajes do velho Cartola, que consagraria a imagem como mascote do clube.

O Super-campeão de 1946

"Dêem-me Ademir que eu lhes darei o campeonato." prometera o técnico Gentil Cardoso à diretoria do Fluminense.  De fato, o jogador Ademir Marques de Menezes (Recife8 de novembro de 1922 — Rio de Janeiro11 de maio de 1996), conhecido por Queixada, por seu queixo proeminente, fora contratado ao Vasco e se tornaria peça fundamental no esquema tático da equipe que acabaria conquistando não qualquer campeonato, mas o super-campeonato de 1946, provavelmente o mais disputado da era pré-Maracanã. Naquele ano, Fluminense, Botafogo, Flamengo e América terminariam a competição empatados em primeiro lugar após turno e returno disputados em pontos corridos por dez equipes (além dos 4, Botafogo, Bangu, Madureira, Bonsucesso, Canto do Rio e São Cristóvão). O quadrangular final guardou para a última rodada, a decisão entre Fluminense e Botafogo em São januário. Na minha infância, ouvi muitas vezes o testemunho de meu pai, que com 14 anos foi sozinho de bonde ao estádio do Vasco pra ver seu time ser novamente campeão, e acabou presenciando uma primeira cena de violência entre torcedores. A diferença é que se tratou de um episódio localizado e se tornou um caso curioso para ilustrar os sinais dos tempos. Um torcedor do Botafogo, depois de tomar algumas doses a mais, se infiltrara na torcida tricolor e passara o jogo inteiro provocando os rivais.  Hoje dificilmente alguém se atreveria a atitude tão suicida, mas na época, foi preciso muita insistência do provocador pra começar a confusão.  E ainda se vangloriava de sua coragem, contando a bravata de que estava acostumado a apanhar, mostrando como troféu, as marcas de agressões passadas. Quando Ademir matou uma bola no peito e emendou um balaço, estufando as redes do adversário,  o torcedor alvi-negro desabafou num xingamento não publicável direcionado ao queixada. E o insulto acabou lhe rendeu um soco de um tricolor menos humorado e mais agressivo. Depois daquilo, o torcedor botafoguense foi retirado  dali e os tricolores certamente voltaram suas atenções às justas comemorações de um título precioso.    

time base: Robertinho, Guálter e Haroldo; Pé-de Valsa, Pascoal e BigodePedro Amorim, Simões, Ademir de MenezesOrlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Uma equipe altamente ofensiva que marcou 97 gols em 24 jogos. 

60 anos do Mundial 02

E já que falávamos em mundial...
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2012/05/selo-em-homenagem-ao-titulo-da-copa-rio-ficara-ate-o-fim-do-ano.html

sexta-feira, 25 de maio de 2012

60 anos do mundial 01



Este ano, o Fluminense comemora também o aniversário de 60 anos de outro título importante. Se ainda não foi desta vez que faturamos a Libertadores (pior para a Libertadores, diria Nelson Rodrigues), isso não significa que o tricolor não desfrute de um título internacional em seu currículo. Não me refiro a Taça Olímpica, de 1949, motivo de grande orgulho que figura no atual uniforme*.
Desde os fim dos anos  1940, Mário Filho já demonstrava intenção de organizar uma competição que reunisse os melhores clubes do mundo. Após a enorme frustração com a perda da Copa de 50, pela seleção brasileira, ficou decidido que seriam convidados representantes dos 4 finalistas do IV campeonato Mundial de Futebol. Com o declarado objetivo de resgatar o orgulho nacional pelo futebol brasileiro, abalado com a derrota  para o Uruguai, em pleo Maracanã. Infelizmente com as dificuldades da época,alguns clubes não puderam comparecer e tiveram que recusar o convite, mas mesmo assim, o torneio contou com participações ilustres como o Peñarol do Uruguai, clube que era a base da seleção uruguaia bi-campeã mundial, contando entre outros, com Obdulio Varela e Ghiggia, que haviam calado o Maracanã dois anos antes, mais os segundos colocados da Áustria (que ainda tinha um futebol forte) e da Alemanha (na época liderava a competição), além do Corínthians, campeão paulista e o Fluminense, campeão carioca de 51.
De fato, o Fluminense cumpriu com louvor o objetivo de Mário Filho. Na fase de grupos, chegou a enfiar 3x0 no Peñarol. Em agosto de 1952, o cartunista argentino Lorenzo Molas, aquele mesmo que havia sido pioneiro com suas charges diárias sobre futebol no Jornal dos Sports, em 1944. De volta ao Rio, o cartunista fez mais duas charges para o jornal de Mário Filho. Uma delas foi essa (a primeira foi sobre o início da competição), que aborda as expectativas com a final da segunda edição do torneio. Nas finais, diante de quase 40 mil, no primeiro jogo, e de 65 mil, no segundo, o Flumiense com um vitória de 2x0 e um empate em 2x2 com o Corínthians, sagrou-se campeão mundial, oito anos antes da primeira Libertadores da América e no ano de seu cinquentenário.


Charge de Molas acusa a chegada da TV no Brasil.

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ta%C3%A7a_Ol%C3%ADmpica
Para saber mais sobre a Copa Rio:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Rio_de_1952

Matéria do Globo Esporte sobre a conquista.
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2012/05/selo-em-homenagem-ao-titulo-da-copa-rio-ficara-ate-o-fim-do-ano.html

100 anos do maior cronista tricolor

2012 não é apenas o ano em que o Fluminense Football Club completa 110 anos de glórias. O ano marca também o centenário de nosso "trovador" maior, do qual todos os demais torcedores sentem inveja. Um dos maiores gênios da literatura brasileira, talvez o maior da dramaturgia nacional, Nelson Rodrigues completaria um século de vida no dia 23 de agosto do ano corrente. Nelson dedicou seu talento ao clube na forma de inúmeras crônicas esportivas que escreveu ao longo da vida para a Revista Manchete, o Jornal dos Sports. Se todos os nossos adversários conterrâneos mais fortes, Flamengo, Vasco e Botafogo comemoram dois centenários: o do clube e o do surgimento do futebol, por já ter sido fundado como um clube de futebol, o Fluminense só poderia comemorar o centenário de fundação, em 21 de julho de 1902.  Mas o Nelson Rodrigues foi um cronista especial que muito contribuiu para a construção de toda uma memória social em torno do tricolor. Merece que o clube trate seu centenário como uma data especial para o clube. No ano do centenário de seu torcedor mais ilustre, o clube já levantou a Taça Guanabara e o campeonato carioca. Agora é a saga do Brasileirão.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Gol do Assis ilustrado

Reprodução do gol de Assis, aos 45 minutos do segundo tempo, que despertou definitivamente minha paixão pelo futebol.  Trabalho de 2009.

Em 1983, eu estava começando a frequentar o Maracanã e começando a me inteirar sobre o mundo do futebol e o campeonato carioca de 83 seria a minha primeira experiência como torcedor. O time da moda era o Flamengo, que acabara de se sagrar tri-brasileiro, tinha um time repleto de estrelas, dentre as quais algumas encantaram o mundo na Copa da Espanha, no ano anterior. Tirando o Zico, que tinha sido transferido para o Undinese, da Itália, estavam todos lá, fazendo deles, o maior candidato ao título carioca, seguidos de perto pelo Vasco, de Dinamite. O Fluminense contava com um time reformulado, muitas contratações pouco ou nada conhecidas como Branco, Tato, Leomir (hj assistente do Abel), Washington e Assis, foram mescladas com jogadores da divisão de base, como Ricardo Gomes, e outros que já estavam no time principal das Laranjeiras, como Delei, Duílio e goleiro Paulo Victor.Esse time se tornaria mais conhecido e respeitado a partir daquele título, que depois seria seguido por mais dois cariocas e um brasileirão, em 84.
Mas o título teve seus percalços. Vencida a primeira etapa, a Taça Guanabara, o técnico Cláudio Garcia assinara com o rival rubro-negro durante as comemorações. Garcia ganharia tb a Taça Rio e por uma dessas ironias dos deuses do futebol, perderia o título principal. O triangular final seria disputado por Fluminense (vencedor do 1º turno, a Taça Guanabara), Flamengo (vencedor da Taça Rio, que valia pelo 2º turno) e Bangu (primeiro colocado no total de pontos ganhos nos dois turnos).  Na primeira partida, Fluminense arrancara um empate num jogo que começara perdendo do Bangu. Na segunda partida, o Fla-Flu. Meu primeiro Fla-Flu decisivo.  Na chegada do Estádio, minha memória infantil não deixa esquecer a voz de outro garoto que, de passagem, na rua, comentou em alto e bom som: "não precisa nem jogar, o Flamengo já ganhou". Mal sabia eu, que esse "já ganhou" ficaria gravado na minha cabeça pra sempre.Com o 0x0 persistindo até os minutos finais, numa época que não havia os famosos descontos usuais de 2, 3 minutos que os árbitros costumam acrescentar aos 45 regulamentares, o Fluminense ia sepultando qualquer possibilidade de título. A decisão ficaria entre Flamengo e Bangu, jogo final. Pois se houvesse um terceiro empate, o regulamento previa que o título ficaria com o vencedor do total de pontos ganhos: o Bangu.
Aos 44, a massa rubro-negra já cantava a nossa eliminação, e se empolgava com um ataque fulminante de seu time, que seria interceptado por nossa defesa. E, numa ligação rápida,  Delei, percebera Assis em posição legal na frente e sem marcação. O futuro "carrasco", de repente se via sozinho, correndo em direção à meta de Raul. Chegando na área, Raul protegeu um canto e Assis, calmamente troou de perna e tocou no outro canto, calando a metade rubro-negra dos 83 mil pagantes daquele abençoado domingo de dezembro de 1983. Com a vitória rubro-negra sobre o Bangu, dias depois, o Fluminense garantia o primeiro título que eu pude acompanhar na vida, para não me esquecer nunca mais. Acima, minha homenagem a esta primeira emoção de conquista como torcedor.  
       
       

Editorial tricolor



Aos 45 do 2º tempo, começo a pôr em prática um blog que estava na cabeça há alguns anos. Não por acaso, o clube que inspira este blog está indiscutivelmente ligado a esta marca.  Já dizia Nelson Rodrigues, nosso eterno cronista, que as vitórias do Fluminense são sempre cardíacas. Usualmente desacreditado frente aos adversários, o bom conjunto do Fluminense volta e meia superou adversários repletos de estrelas, muitas vezes calando as arquibancadas rivais nos minutos derradeiros das grandes decisões.
Foi assim em 1983, quando comecei a frequentar o Maracanã.  Cantando vitória durante toda a semana anterior ao jogo, a massa rubro-negra não via possibilidades de ver o time que se sagrara tri-campeão brasileiro naquele mesmo ano, perder para um Fluminense com um grupo de- até então - "desconhecidos", até que Assis estufou as redes de Raul no último lance do jogo. Aos 45 do 2º tempo.  Minha relação com o Fluminense está muito ligada a essa primeira experiência de um iniciante torcedor tricolor (já o era desde o berço, mas só ali comecei a entender essa emoção). O Fluminense sempre foi para mim, o clube de guerreiros, da superação, da união prevalecendo sobre o individual.
Finalizo arriscando uma afirmação que está diretamente ligada à 
ilustração e à história, os temas que serão mais explorados neste espaço: não conheço outro clube, cujas cores exprimam com tamanha perfeição sua trajetória. Se já no final dos anos 40, Lamartine Babo imortalizou na marchinha que serve de hino ao clube, que o Fluminense  vence com o verde da esperança, o sangue do encarnado e o branco da paz e harmonia, "continuamos" a escrever a história tal e qual o querido compositor escreveu.